quinta-feira, 7 de junho de 2012

Invasão, insegurança e desvalorização

Os últimos cinco anos foram de grandes dificuldades em diversas escolas da nossa região. Arrombamentos, furtos e atos de vandalismo eram constantes durante os fins de semana ou feriados. A história se repetia sempre e deixou de ser novidade. Geralmente, ao chegarmos na escola uma das partes havia sido invadida.
Algumas vezes a cozinha; local onde panelas e tampas eram amassadas, utensílios e parte da merenda furtada.
Outras vezes eram salas de aula, quando quebravam portas ou maçanetas, arrombavam nossos armários levando o material que interessava, destruíam livros e cadernos, jogavam tinta em todo nosso material exposto e desmotivavam a continuidade com elaboração de projetos contidos neles, já que os mesmos demonstravam as etapas construídas e vencidas.
As grades, aos poucos ocupavam o espaço para garantir um pouco de segurança ao material. Nenhum espaço deixou de sofrer a ação de furtos.
Secretaria, direção, copa, almoxarifado.  
Na sala de leitura foi uma total destruição de nosso acervo. Jogaram os livros no chão, jogaram tinta, evacuaram sobre eles. Esta sala, localizada na parte externa, precisou ser toda gradeada. Os recursos que recebíamos eram resumidos em grades. Não podíamos sonhar com uma melhora física: ajeitar sanitários, colocar bebedouros dignos ou comprar materiais necessários. Tudo era investido em grade e mão de obra e mesmo assim, algumas vezes as serravam. Sinceramente, não sei o exato número de televisores, ventiladores e outros eletrônicos que foram furtados. 
Houve um ano, que em três meses, já havíamos sofrido cinco arrombamentos com furto e destruição de parte do nosso material.

A intenção deste post é somente para que percebam que durante cinco anos consecutivos sofremos desta forma. 
Imaginem a criança e o professor que chegam na escola e deparam com todo seu trabalho destruído...qual é a real motivação para retomar? Como afirmei, não foi um caso isolado; foram inúmeros. 

Que valorização foi dada pelos órgãos competentes à Instituição Escola? E ao professor?
Não perdíamos meros materiais, sofríamos um total descaso como profissionais quando o fruto de nosso trabalho era totalmente desvalorizado!

Tirem suas próprias conclusões. Assim caminhamos: Escola, Professor e Aluno em busca de transformações!

Mais uma vez, cito Paulo Freire, que em seu livro “Pedagogia do Oprimido”, mostra além das relações que se dão em sala de aula, mas toda a opressão social e a falta de democracia.



“(...) Assim como o opressor, para oprimir, precisa de uma teoria da ação opressora, os oprimidos, para libertar-se, necessitam igualmente de uma teoria de sua ação. O opressor elabora a teoria de sua ação, necessariamente sem o povo, pois que é contra ele. O povo, por sua vez, enquanto esmagado e oprimido, introjetando o opressor, não pode, sozinho, constituir a teoria de sua ação libertadora. Somente no encontro com a liderança revolucionária, na comunhão de ambos, na práxis de ambos, é que esta teoria se faz e refaz.”
                                                                                                           
                                                                                                                   Paulo Freire 


                                                 

Um comentário:

  1. Como eu já disse algumas vezes, não é interessante para quem detém o poder que aqueles que educam e instruem o povo sejam valorizados e se sintam confortáveis em desenvolver sua função, já que é melhor manter o povo ignorante e alienado. Triste, mas a pura verdade.

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